domingo, 16 de fevereiro de 2014

Malmequer...bem me quer...

Deram-me um malmequer e disseram-me "cuida dele e protege-o como se fosse único no mundo". Limitei-me a sorrir. Como iria dar vida a uma coisa que eu sabia que mais tarde ou mais cedo iria morrer? Não fazia sentido. Quanto muito cuidava dele uns dias e isso restava. 
Quem me o deu? Não sei. 
Todos os dias olhava para o parapeito da janela e ele lá estava, igual a todos os dias. Limitava-me a dar-lhe água e esperar o passar dos dias. 
Naquele dia, acordei e percebi que algo de estranho se passava. O malmequer estava diferente. Aproximei-me e vi uma pétala caída. Achei que ele estava incompleto (e estava!). Nunca mais nada ia ser igual! A pétala não ia nascer de novo. Simplesmente tinha morrido. 
O malmequer nunca mais ia ser o mesmo! E eu o que tinha feito? Nada! Aliás, inicialmente nem percebera o motivo do aparecimento dele nos meus dias. 
Não o podia deixar! Eu não o podia deixar morrer! Percebi isso rapidamente quando uma tristeza profunda me assombrou o coração e se pronunciou pelos olhos. 
Aquela pétala não a iria simplesmente deitar fora. Iria guardá-la ali, junto de toda a flor, para que nunca se sentisse só e ao mesmo tempo tivessem presente que continuavam a pertencer e a completar-se uma à outra.
Não conseguia perceber! Todos os dias alimentava a planta e todos os dias um pouco dela morria. Porquê? O que estaria eu a fazer de errado?
Nada! Estava tudo certo! Simplesmente assim estava destinado! E era meu dever não deixar a flor na solidão daquela janela. Todos os dias mais uma pétala se juntava a muitas outras, sobre a terra. Mas em momento algum deixei uma pétala que fosse sair dali. Era ali o lugar de cada uma delas! Eu não as podia separar! Estaria a entregar o malmequer à sua triste e solitária morte! 
Restava o caule...e agora? Iria sorrir e olhar para ele com orgulho, porque seria a memória de algo lindo e muito especial - a minha flor! Nunca iria morrer! Isso eu tinha a certeza. Nunca a iria abandonar!  E as pétalas, essas continuariam ali para me recordar aquilo que tinha sido e já não era...a minha flor!

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